Na manhã desta
quarta-feira, 30 de abril, teve início uma nova etapa da parceria entre a
Pastoral dos Migrantes da Diocese de Roraima e a Universidade Federal de
Roraima (UFRR), por meio do curso de Relações Internacionais. Um grupo de 31
alunos começou suas atividades de campo junto à equipe da Pastoral, em um
estágio de três meses que promete ampliar não apenas os conhecimentos
acadêmicos, mas também a sensibilidade e o compromisso social dos futuros
profissionais.
Desde o início da
crise migratória na região, Roraima se tornou porta de entrada para milhares de
pessoas, especialmente venezuelanas, em busca de melhores condições de vida.
Nesse contexto, a Pastoral dos Migrantes tem sido uma referência no acolhimento
e na promoção da dignidade humana.
A irmã Terezinha
Santin, coordenadora da Pastoral, ressaltou que essa parceria com a UFRR já
acontece há anos e tem se mostrado essencial para ambos os lados: “Nós
acreditamos que formar profissionais com consciência social é um passo
fundamental para a construção de uma sociedade mais justa. Esses estudantes
vivenciam de perto a realidade migratória de Roraima e contribuem com o seu
tempo e seus saberes. Ao mesmo tempo, eles são preparados dentro de cada setor
por profissionais que atuam diretamente com os migrantes. Isso cria um ambiente
de aprendizado recíproco e de troca cultural muito rico”.
A coordenadora
também pontuou que a atuação dos alunos vai além da observação. Eles participam
efetivamente do atendimento e da organização das atividades, sempre
supervisionados pelas equipes da Pastoral. “Eles saem com uma
bagagem prática, também emocional e espiritual. É um contato humano que
transforma vidas. E isso é muito importante em tempos onde muitas vezes o
migrante é visto como número e não como pessoa”, complementou.
Durante o estágio,
os alunos passam por um rodízio entre os setores para que possam conhecer
diferentes áreas do trabalho humanitário. Na área de regularização
migratória, por exemplo, aprendem sobre os procedimentos legais para
obtenção de documentos básicos, como protocolo de refúgio e carteira de
residência, para a permanência legal no Brasil. Já no setor de
cursos de português, os estudantes acompanham o processo de ensino da
língua como ferramenta de integração, apoiando aulas e interagindo com os
alunos migrantes.
Outro espaço
fundamental é a brinquedoteca, onde crianças migrantes são
acolhidas enquanto seus responsáveis recebem atendimento. Os alunos da UFRR
aprendem sobre o cuidado psicossocial e a importância de oferecer um ambiente
seguro e lúdico para as crianças. No setor de comunicação, há
atividades de registro, divulgação e produção de conteúdos informativos
voltados à orientação da comunidade migrante. Já no atendimento
sociojurídico, setor com muita demanda, os estudantes entram em contato com
temas como direitos humanos, acesso à justiça, violência de gênero e
assistência social.
O local onde tudo
isso acontece, a Casa da Caridade Papa Francisco, abriga não apenas a Pastoral
dos Migrantes, mas também outras organizações que atuam em parceria para
oferecer uma rede de serviços que vai desde a alimentação até o suporte
psicológico e jurídico. O espaço se tornou um símbolo do acolhimento em Boa Vista
e recebe diariamente migrantes de diferentes nacionalidades em situação de
vulnerabilidade.
Com essa ação de
extensão, a UFRR reafirma seu compromisso com uma formação universitária
conectada à realidade local e global. Para os alunos de Relações Internacionais,
a convivência direta com migrantes e refugiados amplia a compreensão dos
fenômenos de mobilidade humana, conflitos, integração e políticas públicas.
A expectativa,
segundo a irmã Terezinha, é que essas parcerias se fortaleçam ainda mais nos próximos
anos. “Precisamos de mãos e corações dispostos. E quando a
universidade se aproxima da realidade do povo, ganham todos: os estudantes, os
migrantes e a sociedade. É um trabalho de construção conjunta de pontes, e não
de muros”, finalizou.
O estágio segue até o fim de
julho e ao longo do período os alunos participarão também de treinamentos e
momentos de conversa. A experiência promete marcar a trajetória acadêmica e
humana de cada um deles, deixando um legado de solidariedade, empatia e
compromisso com a justiça social.
Texto e Fotos: Libia López
Jornalista-Fotógrafa
Assessoria de SPM
spmrrcomunica@gmail.com
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