A guerra Israel e Irão, explicada

 


Por German Lopez

Uma forma de entender a guerra entre Israel e Irã é vê-la como uma escalada natural dos conflitos que o Estado judeu vem travando desde o ataque de 7 de outubro. Israel devastou grande parte de Gaza para destruir o Hamas, que é apoiado pelo Irã. Bombardeou o Líbano e o Iêmen para combater o Hezbollah e a milícia Houthi, ambos também financiados pelo Irã. Agora, em vez de focar nos aliados iranianos, Israel leva o confronto diretamente ao próprio Irã.

Mas o momento é importante. Afinal, o conflito entre Israel e Irã não é novo. Os líderes iranianos pedem a destruição de Israel há décadas. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, vê o Irã como uma ameaça existencial há décadas. Autoridades ocidentais debatem há anos a possibilidade de um ataque preventivo ao programa nuclear iraniano.

O que é novo é que agora Israel acredita que pode vencer.


Por que agora?

Três motivos levaram Israel a atacar na semana passada:

Armas nucleares: Autoridades israelenses afirmam que cientistas iranianos estão próximos de fabricar uma arma nuclear — talvez a apenas alguns meses de distância. (Autoridades dos EUA estão divididas sobre isso, segundo a CNN). Netanyahu disse que precisava atacar antes que eles concluíssem esse trabalho.

Mais urgentemente, Netanyahu provavelmente temia que o presidente Trump assinasse um novo acordo nuclear com os líderes iranianos. Israel foi contra o acordo anterior, feito sob Barack Obama, em parte porque permitia que o Irã mantivesse algumas capacidades nucleares não militares. Se Trump firmasse um acordo semelhante, Israel não poderia atacar sem violar o espírito do tratado e sem desagradar seu maior aliado.

Pelo menos por agora, Israel conta com apoio internacional nessa missão. Países ocidentais veem o Irã como uma ameaça por apoiar militantes em diversas partes do mundo. Estão dispostos a deixar Israel com o peso de desmontar o programa nuclear iraniano, mesmo que discordem de Israel em outros assuntos. Vários países do G7 condenaram Israel no mês passado por sua ofensiva em Gaza, mas apoiaram nesta segunda-feira os ataques ao Irã.

Fraqueza do Irã: O Irã não está bem. Anos de sanções corroeram sua economia. Israel e os Estados Unidos eliminaram muitos de seus líderes militares. Também enfraqueceram seus aliados em todo o Oriente Médio. Tudo isso limita a capacidade de retaliação do Irã.

A destruição dos aliados iranianos é especialmente importante para Israel. Anos atrás, Hamas e Hezbollah teriam respondido a ataques contra o Irã com ofensivas diretas em Tel Aviv e outras cidades israelenses. Agora, Israel pode atacar o Irã sem se preocupar tanto com o front doméstico.

Política interna: Desde o ataque de 7 de outubro, Netanyahu tem enfrentado pressões políticas contraditórias da direita e da esquerda. A direita quer uma guerra mais agressiva em Gaza, com o objetivo de destruir o Hamas e reocupar o território. A esquerda quer que Netanyahu foque na libertação dos reféns tomados pelo Hamas, mesmo que isso signifique deixar o grupo sobreviver. Netanyahu também responde a acusações de corrupção que podem levá-lo à prisão caso perca o poder, e sua coalizão de governo está dividida por debates sobre o serviço militar obrigatório para judeus ultraortodoxos.

Mas os ataques ao Irã contam com amplo apoio. Os israelenses, em geral, veem o Irã como uma ameaça existencial e apoiam a destruição de suas capacidades nucleares. É uma causa popular, especialmente com eleições marcadas para o próximo ano.


O que vem pela frente?

A guerra de Israel com o Irã provavelmente durará semanas, não dias, segundo informou meu colega Patrick Kingsley, de Jerusalém. Isso dá bastante tempo para uma escalada do conflito.

Uma incógnita: Trump disse que pode se envolver. Para realmente desmantelar o programa nuclear do Irã, Israel precisa de uma bomba especial dos EUA capaz de atingir instalações enterradas profundamente. Mas Trump se candidatou à presidência prometendo “chega de guerras”, e parte da sua base MAGA adota uma visão isolacionista do mundo.

Contudo, Trump pode voltar atrás em sua promessa. Ontem, ele reiterou que o Irã jamais deve obter armas nucleares, exigiu a “RENDIÇÃO INCONDICIONAL” do país e ameaçou matar o líder supremo, aiatolá Ali Khamene

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