O idoso Carlito Ramos de Rezende, de 75 anos, foi encontrado em estado grave, vivendo sozinho e em condições análogas à escravidão, em uma fazenda localizada na região do Boqueirão, área rural de Alto Alegre, em Roraima. O caso foi registrado na quarta-feira (9) pela Polícia Militar (PM), momento em que os agentes descobriram que Carlito era foragido por extorquir um ex-prefeito da cidade de Guiratinga, interior do Mato Grosso.
As condições em que Carlito vivia na fazenda foram denunciadas por testemunhas que o viram no local. Eles relataram que Carlito, que trabalhava como caseiro da propriedade, estava em situação de extrema vulnerabilidade, sem assistência médica ou familiar. Segundo vídeos apresentados pelos denunciantes, ele "vivia de forma degradante", "sem condições básicas de sobrevivência" e "completamente isolado". (Veja nas imagens abaixo).
Carlito é apontado como líder de uma organização criminosa investigada por extorsão contra o ex-prefeito de Guiratinga. De acordo com a denúncia, em 27 de agosto de 2019, Carlito e outros homens armados invadiram a fazenda do ex-prefeito exigindo o pagamento de R$ 800 mil por uma suposta dívida relacionada à posse da terra.
O proprietário da fazenda em que Carlito foi encontrado, um homem de 51 anos, afirmou à polícia que prestava assistência a Carlito, inclusive com deslocamentos para tratamento médico em Boa Vista, mas que ele optava por retornar à fazenda.
Durante a ação policial, Carlito foi encontrado por uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) com apoio da PM e encaminhado com urgência para a capital, Boa Vista, para tratamento médico especializado.
No momento da confecção do relatório, a PM constatou que havia contra Carlito um mandado de prisão preventiva em aberto, expedido pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso, na Comarca de Guiratinga. O documento é válido até 2038 e envolve também outros cinco investigados.
Apontado como líder de uma organização criminosa
Segundo a investigação, as ameaças de Carlito ao ex-prefeito da cidade começaram por meio de ligações e mensagens, com frases como “isso vai virar uma guerra sem fim” e culminaram em uma invasão armada na fazenda.
O grupo liderado por ele utilizava vestimentas pretas e fechou todas as saídas da propriedade durante a invasão. O juiz Aroldo José Zonta Burgarelli, que decretou a prisão dos envolvidos, destacou a “extrema periculosidade” da organização.
Foram apresentados durante o processo registros policiais, provas testemunhais, imagens de câmeras de segurança da fazenda da vítima e mensagens trocadas por celular. A fuga de Carlito, que estava vivendo em Roraima desde então, também fundamentou o mandado de prisão.
A Polícia Militar foi orientada a manter Carlito sob contenção durante o tratamento médico até a Polícia Civil assuma o caso. O caso foi encaminhado à Delegacia de Polícia Civil de Alto Alegre para os procedimentos legais.
FONTE G1
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