Jovens venezuelanos encontram em festejo brasileiro lugar de pertencimento

 


Boa Vista (RR) - Em meio a vestidos rodados, a cores vibrantes e à alegria das danças de quadrilha, os meses de junho e julho representam a hora de subir ao palco e dançar ao ritmo de São João. Adeptos do festejo brasileiro, Giselle e José, que vieram da Venezuela com suas famílias, encontraram na dança um espaço de integração no Brasil que os permitiu conhecer o estado de Roraima, na fronteira com seu país de origem, participando de competições e apresentações. 

A quadrilha junina, tradição popular brasileira, ocupa lugar de destaque nas festas roraimenses, reunindo milhares de pessoas todos os anos para assistirem às apresentações, que são pensadas com cenários elaborados, figurinos coloridos e narrativas envolventes. E foi assim que os jovens de 17 e 18 anos, respectivamente, sentiram o coração bater mais forte e se envolveram com a cultura local.  

Giselle e José, que hoje namoram, se conheceram no Brasil, em Mucajaí, município ao sul da capital Boa Vista, onde cursam o ensino médio. Foi lá que também conheceram a dança de quadrilha e encontraram apoio, amizade e afeto no grupo Xamego na Roça, já tradicional da cidade. 

“Eles me acolheram, me ensinaram muito e me tratam com carinho”, relata Giselle, que chegou no país há oito anos, ainda criança.

“Quando pensei em desistir, o pessoal me ligava, perguntava por mim, me chamava de volta. Isso me fez continuar”, conta José que está há seis anos no Brasil.

Embora estejam em seu primeiro ano na quadrilha, ambos compartilham do impacto que essa cultura trouxe para suas vidas. “A quadrilha me tirou da solidão. Me deu um propósito”, afirma José. Para Giselle, a dança também fez parte da sua integração, “me ajudou a me sentir parte do Brasil”.

“Pode parecer difícil no começo, mas a cultura brasileira é linda. A gente é bem acolhido. E a quadrilha pode mudar sua vida”, destaca Giselle.

O grupo de dança também abriu caminhos para que seus integrantes venezuelanos conhecessem novos lugares do estado, com apresentações em diferentes cidades, como a capital Boa Vista, que abriga os maiores festejos juninos da Região Norte, e os municípios de Caracaraí e Iracema. 

Mais do que dançar, Giselle e José vivem a cultura brasileira e compartilham a sua também, ampliando a integração e a diversidade cultural da comunidade na qual foram acolhidos. Na escola, na última apresentação realizada, por exemplo, Giselle aproveitou para apresentar aos colegas a arepa, prato tradicional venezuelano. 

E assim os jovens vão amadurecendo e construindo suas vidas no Brasil, com a dança sempre nos planos. Eles querem continuar nas competições e conhecendo novos lugares. Para eles, a festa junina é o momento de subir no tablado, deixar o corpo ser guiado pela música e celebrar a expressão cultural que integra e emociona. “O Brasil me acolheu muito bem. Me sinto dentro dessa tradição. Ao fim de cada apresentação, me sinto emocionado”, finaliza José.

fonte https://brazil.iom.int/

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