As autoridades de Gaza admitiram oficialmente que cerca de 1 milhão de pessoas foram deslocadas para o sul da Faixa de Gaza, especificamente para as áreas de Al-Mawasi e Khan Yunis, em decorrência de ordens do Exército israelense para evacuar civis do norte durante uma intensa ofensiva militar. A confirmação acontece em meio a bombardeios constantes, crise humanitária aguda e denúncias de que regiões classificadas como “zonas humanitárias” também vêm sendo atacadas repetidamente.
O deslocamento forçado: números e rotas
Segundo comunicado do governo do Hamas, aproximadamente 1 milhão de pessoas estão concentradas no sul da região — Al-Mawasi, praias de Khan Yunis e Deir al-Balah —, como resultado direto das ordens de retirada emitidas por Israel. No norte de Gaza, cerca de 900 mil pessoas permanecem, apesar dos apelos para que deixem a área antes de ataques terrestres mais intensos.
O Exército israelense determinou que os moradores do norte saiam em direção ao sul, utilizando rotas como a estrada Rashid, localizada à beira-mar, mas as condições para fuga são extremamente adversas. Muitos deslocados relatam que essas rotas estão congestionadas, perigosas ou parcialmente bloqueadas.
Condições precárias no sul: infraestruturas destruídas e necessidades básicas ausentes
As autoridades locais denunciam falta quase total de serviços essenciais nas áreas de acolhimento: abrigos, água potável, alimentos, energia elétrica, atendimento de saúde, educação — praticamente nenhum desses itens funciona adequadamente.
Além disso, Al-Mawasi, considerada “zona humanitária” por Israel, foi bombardeada mais de 110 vezes, o que resultou em aproximadamente duas mil mortes. Um dos ataques mais trágicos atingiu uma tenda em Al-Mawasi, matando duas crianças de 6 e 10 anos, de acordo com registros hospitalares locais.
A densidade populacional das regiões de deslocamento é altíssima: Al-Mawasi tem cerca de 14 km de extensão por 1 km de largura, abrigando números enormes de pessoas. A estimativa anterior, feita pela ONU em junho, já apontava mais de 425 mil deslocados nessa área; agora o valor dobrou.
Justificativas e ofensiva militar
Israel afirma que sua ofensiva terrestre no norte da Faixa de Gaza visa destruir infraestrutura militar do Hamas e garantir que civis sejam retirados antes de operações em solo. No entanto, autoridades de Gaza acusam que os avisos nem sempre dão tempo ou meios seguros para evacuação, e que zonas consideradas “humanitárias” também são alvo de bombardeios.
O uso de rotas restritas como estradas costeiras ou caminhos estreitos junto ao litoral torna a evacuação vulnerável a bloqueios ou ataques aéreos. Alguns moradores relatam que fugas foram interrompidas por bombardeios ou falhas de acesso, o que aumenta o ceticismo sobre garantias de segurança.
Reações internacionais e alertas humanitários
O Escritório das Nações Unidas para Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) afirmou que está atualizando estimativas sobre deslocados no sul da Faixa, mas alerta que o número pode subir ainda mais. A agência ressalta que seria preciso ampliar urgentemente o apoio de governos e ONGs para evitar uma catástrofe de saúde, fome e colapso sanitário.
Organizações de direitos humanos denunciaram que ataques a áreas civis supostamente protegidas — como Al-Mawasi — ferem o direito internacional humanitário. Crianças, mulheres, idosos e pessoas com mobilidade reduzida são os mais afetados.
Desafios logísticos: abrigo, água e saúde
Nos abrigos improvisados, muitos deslocados sobrevivem com recursos mínimos. Faltam tendas adequadas, medicamentos, saneamento básico. A rotatividade de populações — pessoas que fogem, retornam, fogem de novo — complica o recebimento de ajuda externa.
Problemas de saúde já apontados: surtos de doenças respiratórias, diarreia, desidratação, sobretudo entre crianças. Hospitais no sul da Faixa de Gaza estão sobrecarregados, muitos com danos estruturais e sem energia elétrica estável ou equipamentos suficientes.
Possíveis desdobramentos futuros
As autoridades de Gaza admitem que o deslocamento de civis para o sul do enclave atingiu cerca de 1 milhão de pessoas — um número duplo do estimado há poucos meses. A crise humanitária se aprofunda: zonas chamadas “humanitárias” sendo atingidas, falta de serviços básicos, infraestrutura destruída, condições precárias de abrigo, saúde e segurança.
A ofensiva militar israelense no norte, com bombardeios e ordenanças forçadas de retirada, força uma escolha brutal para muitos civis: permanecer sob cerco ou fugir para o sul, onde a sobrevivência ainda está longe de ser garantida.
O mundo observa. As próximas semanas serão decisivas para definir se haverá uma resposta política e humanitária à altura — ou se o sul de Gaza se tornará palco de uma crise humanitária irreversível.
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