Por Lucas Machado ABRASEL
Ambientes com espaço kids fidelizam famílias e ampliam o tempo de permanência nos estabelecimentos
Nos bares e restaurantes, comer fora há
muito deixou de ser apenas sobre a comida. Para muitas famílias, a escolha de
um lugar para almoçar ou jantar passa também pela tranquilidade de saber que as
crianças terão onde brincar. Por isso, o espaço kids vem ganhando importância
como um diferencial competitivo e, em muitos casos, como parte essencial da
experiência em estabelecimentos de alimentação fora do lar.
Uma pesquisa da Abrasel em parceria com a Nogueira
Brinquedos, realizada em 2023, mostra que pouco mais de um quarto
dos estabelecimentos entrevistados oferecem esse tipo de estrutura. O estudo
ouviu 1.697 empresários de todas as regiões do país e revelou que o espaço kids
é mais comum entre os negócios com serviço de salão e garçons, como
churrascarias, pizzarias e restaurantes à la carte.
O levantamento aponta que as churrascarias
lideram o ranking, com 50% delas contando com espaço kids. Logo depois vêm os
restaurantes à la carte (36%), as pizzarias e casas de massas (34%) e os bares
e restaurantes (33%). Regionalmente, o Centro-Oeste se destaca como a região
com maior presença desses espaços, enquanto o Sudeste aparece com os menores
índices. A diferença está ligada, em parte, ao tipo de serviço oferecido e à
cultura de consumo de cada região.
Esses dados confirmam algo que os
empreendedores já percebem no dia a dia: famílias com filhos pequenos preferem
ambientes que ofereçam conforto, lazer e segurança. Um espaço kids bem
estruturado costuma significar mais tempo à mesa, mais tranquilidade para os
pais e uma experiência mais completa.
Quando o espaço kids nasce de um olhar
familiar
Em Porto Alegre, a Churrascaria
e Galeteria Komka mantém seu espaço kids há mais de duas décadas. O
empresário Edésio Komka conta que a ideia surgiu de forma espontânea, em um
momento pessoal. Sua filha havia acabado de nascer, em 2001, e a presença de
famílias no restaurante era cada vez mais frequente. Foi então que ele percebeu
que precisava oferecer algo além da boa
comida.
O restaurante já possuía um pátio na
frente, usado pelas crianças para brincar. Com o tempo, o local foi
transformado em uma área interna, equipada com brinquedos e máquinas de
diversão. Hoje, o espaço kids conta com uma recreacionista responsável por
organizar as atividades. Segundo Edésio, a aceitação foi imediata. Ele lembra
que as crianças se encantam com o ambiente e os pais conseguem aproveitar o
almoço ou o jantar com mais calma.
Durante a semana, o movimento começa cedo.
Muitas famílias saem da escola e seguem direto para o restaurante, onde os
filhos brincam enquanto os adultos jantam. Aos sábados e domingos, a presença
de crianças é ainda maior. O empresário nota que o espaço kids melhora o fluxo
do salão, já que os pequenos não ficam circulando entre as mesas. “A
permanência das famílias é um pouco maior e muitos clientes se tornaram
assíduos justamente por causa do espaço”, explica.
Com o passar dos anos, o público também
mudou. Ele percebe que os pais de primeira viagem são os que mais valorizam
esse tipo de ambiente, principalmente aqueles que têm filhos pequenos e
procuram um lugar onde possam relaxar. Para ele, o retorno não está apenas no
faturamento, mas na fidelização. “Os pais sabem que podem comer tranquilos,
enquanto as crianças se divertem com segurança. É isso que faz as pessoas
voltarem.”
Espaço kids: retorno em experiência, não
apenas em lucro
O Dom Vergílio, em Palmas (TO), segue a
mesma lógica. A empresária Juliane Maronezi decidiu criar um espaço kids por
acreditar que ele tornaria o restaurante mais acolhedor. A iniciativa não veio
de uma demanda dos clientes, mas de uma visão de hospitalidade. Ela diz que o
objetivo sempre foi oferecer conforto e tranquilidade, sem que as famílias precisassem
se apressar para terminar a refeição.
O ambiente do Dom Vergílio não tem custo
adicional para o cliente. O restaurante mantém uma cuidadora e conta com o
apoio de uma escola parceira, que fornece materiais de desenho e papelaria.
Juliane reconhece que o investimento não se paga diretamente, mas garante que
ele faz diferença na imagem do negócio. “O Dom Vergílio se destaca pelo
espaço”, comenta. “Não traz lucro financeiro, mas traz fidelidade. As pessoas
voltam, recomendam e se sentem bem aqui.”
A fala dela se conecta ao que o
levantamento nacional também revela. Entre os empresários que ainda não
oferecem espaço kids, 63% afirmam já ter considerado implantar um, mas muitos
enfrentam limitações físicas ou financeiras. Para quem investe, no entanto, o
benefício aparece de outras formas: clientes mais satisfeitos, maior tempo de
permanência e percepção positiva da marca.
Símbolo de hospitalidade
O crescimento do espaço kids nos
estabelecimentos brasileiros traduz uma mudança no comportamento do consumidor.
A nova geração de pais quer viver experiências mais completas. O restaurante,
antes apenas um local para comer, agora também é um espaço de convivência.
Comer fora se tornou uma forma de estar junto e, nesse contexto, o ambiente
dedicado às crianças cumpre um papel importante.
O que era visto como um diferencial de
grandes casas se espalhou para negócios de diferentes portes. Mesmo sem retorno
imediato, o investimento se mostra estratégico. Em um setor competitivo, a
capacidade de oferecer conforto, praticidade e bem-estar pode ser o que define
a escolha de um cliente.
Em Porto Alegre, Edésio Komka observa essa
transformação com naturalidade. Para ele, o espaço kids faz parte da
identidade da Komka tanto quanto o cardápio. “As crianças gostam tanto que
muitas vezes choram quando precisam ir embora”, conta. “É o tipo de coisa que
mostra que a experiência deu certo, para elas e para os pais.”
Juliane Maronezi, em Palmas, compartilha da
mesma visão. “Vale a pena investir em conforto”, diz. “O retorno vem de outra
forma, na satisfação das famílias e na lembrança que elas levam do
restaurante.”
A pesquisa da Abrasel e as histórias de
empreendedores como Edésio e Juliane apontam para a mesma direção. O espaço
kids já não é apenas um atrativo, mas um elemento de hospitalidade que
fortalece o relacionamento com o público. Um investimento que, mesmo discreto,
transforma o simples ato de comer fora em uma experiência mais leve, humana e
afetiva.
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