País a retomar a cobrança do imposto de importação de 15% a 77% sobre os produtos brasileiros.
A recente decisão do governo da Venezuela de aplicar uma taxa sobre produtos brasileiros acendeu o sinal de alerta entre empresários e comerciantes dos dois lados da fronteira. Além de comprometer a competitividade de produtos vindos do Brasil, a medida ameaça provocar desequilíbrio nos preços e até desabastecimento em cidades próximas, como Santa Elena de Uairén.
Nos últimos anos, boa parte do comércio local da Venezuela, especialmente nas regiões de fronteira com Roraima, passou a depender de itens brasileiros – alimentos, higiene e até produtos eletrônicos – pela proximidade e facilidade logística. Com a nova taxa, empresários relatam aumento imediato nos custos, que pode ser repassado aos consumidores finais.
“Aumentar preços em um país que já enfrenta inflação e dificuldades econômicas pode resultar em queda nas vendas e afetar o emprego local”, explica um representante do comércio de Santa Elena. Segundo ele, muitos comerciantes temem perder clientes para mercadorias vindas de outros mercados ou mesmo para o contrabando.
Desde 2014, Brasil e Venezuela têm um acordo que os impedem de cobrar, entre si, o imposto sobre quase todos os itens. O País de Maduro é o principal parceiro comercial de Roraima, de quem importou 144,6 milhões de dólares em produtos (R$ 799 milhões na atual cotação), em 2024.
Os ministérios do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e das Relações Exteriores do Brasil já articulam, com a Venezuela, a busca de esclarecimentos sobre o caso.
Em Roraima, empresários brasileiros que exportam para a Venezuela também demonstram preocupação. Para eles, a barreira fiscal ameaça diminuir as vendas e reduzir o interesse em manter relações comerciais na região, afetando diretamente pequenos produtores e caminhoneiros que vivem dessa atividade.
Como reação, lideranças empresariais e representantes de associações comerciais na Venezuela iniciaram conversas com autoridades do país. O objetivo é negociar alternativas: desde a suspensão temporária da taxa até a criação de cotas de isenção para produtos considerados essenciais.
Analistas destacam que manter o comércio entre Brasil e Venezuela ativo é importante não apenas do ponto de vista econômico, mas também social, por gerar emprego e renda em cidades que dependem quase exclusivamente desse fluxo comercial.
Enquanto o diálogo avança, empresários aguardam uma solução rápida para evitar que a crise se aprofunde e que os consumidores sejam os mais prejudicados.
Fonte FolhaBV
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