Direita brasileira testa força nas ruas sem Bolsonaro e avalia futuro político

 


Em evento nacional, líderes de direita buscam medir apoio popular sem a presença do ex-presidente e discutem estratégias para 2026

No último domingo, a direita brasileira realizou o primeiro grande ato político nas ruas sem a participação do ex-presidente Jair Bolsonaro. O movimento, que aconteceu em várias capitais do país, teve como objetivo testar a força de mobilização popular sem o líder que, desde 2018, se tornou referência desse campo político.

As manifestações reuniram políticos de destaque da direita, influenciadores e grupos de militância, marcando um momento simbólico: a tentativa de mostrar que o campo conservador e liberal pode sobreviver e até se reinventar politicamente sem depender exclusivamente da figura de Bolsonaro.

Uma mobilização diferente: discurso mais moderado e foco no futuro

Observadores notaram que o tom do evento foi mais moderado em comparação aos atos massivos liderados por Bolsonaro em anos anteriores. Se antes os discursos se concentravam em críticas diretas ao Supremo Tribunal Federal e teorias conspiratórias sobre as urnas eletrônicas, desta vez os líderes presentes buscaram dialogar com temas como combate à corrupção, defesa da liberdade econômica, redução do tamanho do Estado e preparação para as eleições de 2026.

Esse reposicionamento indica que parte da direita procura conquistar novos eleitores e recuperar a imagem desgastada pelos episódios que levaram Bolsonaro a ficar inelegível até 2030. A ausência do ex-presidente foi sentida, mas ao mesmo tempo abriu espaço para que outras lideranças ganhassem visibilidade.

Novos nomes tentam ocupar espaço de liderança

Entre os participantes, destacaram-se políticos como Tarcísio de Freitas (governador de São Paulo), Romeu Zema (governador de Minas Gerais) e parlamentares como Nikolas Ferreira e Carla Zambelli. Embora nenhum deles tenha a mesma capacidade de mobilização popular que Bolsonaro, o evento serviu como vitrine para que esses nomes se aproximassem de uma base eleitoral que busca um novo norte.

Tarcísio, por exemplo, tentou adotar um discurso mais técnico, defendendo reformas estruturantes e crescimento econômico sustentável. Já Zema falou em gestão eficiente e criticou a alta carga tributária. Ambos sinalizam a intenção de formar uma direita mais institucionalizada e menos centrada no carisma de uma única liderança.

Os desafios da direita sem Bolsonaro

Apesar de atrair milhares de pessoas, a manifestação foi menor que os atos promovidos pelo ex-presidente no auge da polarização. Isso levanta uma questão crucial: até que ponto a direita brasileira depende de Bolsonaro para manter sua base mobilizada?

Analistas apontam que a direita enfrenta três grandes desafios: reorganizar seu discurso, renovar lideranças e reconstruir sua credibilidade perante setores do eleitorado que se afastaram após a crise sanitária da pandemia e as investigações sobre tentativa de golpe em 8 de janeiro de 2023.

Nesse contexto, os atos do fim de semana foram vistos mais como um “ensaio geral” do que como uma demonstração definitiva de força.

Eleições de 2026 no horizonte

Com Bolsonaro inelegível até 2030, cresce a expectativa sobre quem poderá herdar seu capital político. Tarcísio de Freitas surge como nome mais cotado, principalmente pelo bom relacionamento com setores empresariais e um perfil considerado mais moderado.

Enquanto isso, outros grupos de direita apostam na união de várias lideranças regionais para evitar a fragmentação do campo conservador. Há também o desafio de disputar votos com o bolsonarismo mais radical, que pode resistir à ideia de uma direita menos confrontadora.

A importância de manter a base engajada

Mesmo sem Bolsonaro, o evento mostrou que há um público fiel disposto a ocupar as ruas. Cartazes com frases de apoio ao ex-presidente ainda foram vistos, revelando que ele continua sendo referência, mesmo ausente.

A capacidade de transformar esse apoio residual em um projeto político coeso, porém, é incerta. Muitos analistas acreditam que apenas uma liderança com força carismática semelhante poderá manter a direita competitiva contra a esquerda nas próximas eleições presidenciais.

Reação de aliados e adversários

Aliados celebraram a realização do ato como prova de que a direita brasileira não está morta. “Foi um importante passo para mostrar que temos projeto além do Bolsonaro”, comentou um deputado federal que participou da mobilização.

Por outro lado, críticos apontaram a redução do público presente como sinal de enfraquecimento do movimento. Segundo eles, sem Bolsonaro, o campo conservador pode perder tração e espaço para outras forças políticas de centro-direita.

Conclusão: um teste que abre caminhos

O primeiro grande teste da direita brasileira sem Bolsonaro foi um ato simbólico que revelou tanto limitações quanto oportunidades. Mostrou que, mesmo menor, ainda existe base engajada. Ao mesmo tempo, evidenciou a necessidade urgente de renovação e clareza de projeto.

Com as eleições de 2026 se aproximando, o sucesso da direita dependerá menos do saudosismo e mais da capacidade de apresentar novas ideias, novas lideranças e um discurso que dialogue com diferentes setores da sociedade.

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