O primeiro-ministro albanês, Edi Rama, oficializou nesta quinta-feira a promoção da inteligência artificial batizada Diella ao cargo de Ministra virtual para supervisionar contratos públicos, com o objetivo de combater a corrupção e aumentar a transparência no país. A iniciativa também se insere no plano da Albânia de aderir à União Europeia até 2030.
Quem é Diella e quais são seus poderes
Diella é uma inteligência artificial que atua de forma experimental desde janeiro, inicialmente oferecendo orientação aos cidadãos sobre serviços públicos online e trâmites governamentais digitais. Agora ela passa a integrar formalmente o gabinete, ainda que de forma virtual, como ministra responsável por supervisionar todos os concursos e contratações públicas.
A função de Diella inclui retirar a influência humana direta nos processos decisórios ministeriais que envolvem licitações, contratação de empresas e uso de recursos públicos, com promessas de um sistema “100% livre de corrupção”.
Motivação institucional e metas para a Europa
A nomeação de Diella ocorre em um contexto no qual a Albânia busca cumprir exigências institucionais impostas pela União Europeia para o avanço do processo de adesão ao bloco. Entre essas exigências estão reformas profundas nos sistemas de Justiça, transparência e combate à corrupção. No índice de percepção de corrupção da Transparency International de 2024, a Albânia ficou na 80ª posição entre 180 países — posição considerada insuficiente para atender aos critérios europeus.
Desafios, críticas e expectativas
Embora a medida seja inovadora, analistas apontam desafios práticos:
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A IA depende de algoritmos e dados limpos; qualquer viés embutido pode reproduzir injustiças.
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A supervisão virtual pode enfrentar resistência de funcionários públicos acostumados a processos informais ou clientelistas.
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A legitimidade de uma “ministra virtual” pode gerar discussões jurídicas sobre responsabilidade em casos de erro ou corrupção ainda assim detectada.
Ainda assim, para o governo albanês, Diella representa uma ferramenta simbólica e funcional, uma aposta em tecnologia para transformar práticas administrativas seculares.
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