Guerra tarifária de Trump acelera validação do acordo UE-Mercosul

 


Isso pode mudar o jogo do comércio global

A escalada tarifária iniciada pelo governo Trump impôs uma onda de protecionismo que pressionou a União Europeia a reagir rapidamente. O resultado: o acordo de livre-comércio entre UE e Mercosul, renegociado ao longo de 25 anos, teve sua validação acelerada — abrindo uma nova fase no comércio internacional. 

Protecionismo como catalisador de acordos comerciais

A imposição de tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros, além de uma tarifa global de 15% sobre exportações europeias, forçou a UE a diversificar suas parcerias comerciais e buscar alternativas ao mercado norte-americano. A pressão provocou uma reavaliação estratégica e impulsionou a urgência na aprovação do pacto com o Mercosul. 

O que diz o acordo UE-Mercosul


  • A UE eliminará 91% das tarifas de exportações para o Mercosul, incluindo setores industriais como automóveis, máquinas e medicamentos — o maior corte jamais proposto pelo bloco.

  • O Mercosul, por sua vez, eliminará 92% das tarifas sobre produtos europeus ao longo de até 10 anos.

  • Além disso, o acordo prevê a criação de cotas e salvaguardas: direito de exportar queijo com isenção tarifária e mecanismos de proteção contra importações excessivas de carne, açúcar, entre outros.

Com o mercado potencial de cerca de 780 milhões de consumidores, o acordo representa o maior tratado já proposto pelo Mercosul e um dos mais expressivos da UE. 

Salvaguardas europeias para proteger setores sensíveis

Para vencer a resistência, especialmente de países como a França, a Comissão Europeia ofereceu mecanismos legais de proteção:

  • Monitoramento rigoroso de volume de importações e variação de preços (limite de 10%).
  • Fundo de compensação emergencial, com até €1 bilhão por ano, e possibilidade de suspensão tarifária em caso de impactos adversos.

Implicações geopolíticas e econômicas

A aceleração da aprovação do acordo em resposta ao choque tarifário americano reforça a estratégia da UE de reduzir dependência dos EUA e da China. Alemanha e Espanha, por exemplo, veem o Mercosul como alternativa estratégica para acesso a metais críticos para a transição verde europeia. 

Do lado sul-americano, o Brasil — que participa como membro do Mercosul — ganha uma janela de oportunidade para ampliar seu acesso industrial e agropecuário ao mercado europeu, potencializando exportações de sucos, café e carne. 

A estratégia protecionista de Trump acabou provocando o efeito oposto: acelerou a aprovação de um dos maiores acordos comerciais globais da década. O acordo UE-Mercosul surge como resposta à volatilidade no comércio internacional e sinaliza uma reordenação das alianças econômicas. Caso seja ratificado, mudará as regras do jogo no comércio global — com ganhos potenciais para produtores, indústrias e cadeias produtivas de ambos os lados.



0 Comentários

EN DIRETO PRESIDENTE BRASILEIRO ABRE A 80ª ASSEMBLEIA DA ONU - AO VIVO