Venezuela inicia manobras militares “Caribe Soberano 200” e eleva tensão com EUA, uso de drones e guerra eletrônica

 


A Venezuela iniciou nesta semana a operação militar denominada “Campanha Caribe Soberano 200”, mobilizando contingente terrestre, aéreo e naval na ilha caribenha de La Orchila, em resposta às recentes ações militares atribuídas aos Estados Unidos, que relatam ter afundado embarcações venezuelanas associadas ao narcotráfico. A medida eleva drasticamente o nível de tensão num dos pontos mais sensíveis de interação entre Caracas e Washington. 

Detalhes da manobra e capacidades envolvidas

Segundo anunciantes oficiais venezuelanos, mais de 2.500 militares da Força Armada Nacional Bolivariana (FANB), juntamente com 12 navios de guerra, 22 aeronaves e 20 embarcações menores da milícia naval participam da manobra. A operação militar inclui também o uso de drones armados, drones de vigilância, drones submarinos e sistemas de guerra eletrônica. 

A ilha de La Orchila, base estratégica da Marinha venezuelana, se torna o epicentro do exercício militar. As manobras cobrem uma extensão de cerca de 43 km² situados a aproximadamente 179 km da costa venezuelana do estado de La Guaira.

Acusações mútuas entre Caracas e Washington

Nos últimos dias, os Estados Unidos afirmaram ter abatido pelo menos três lanchas rápidas venezuelanas associadas ao narcotráfico, resultando em cerca de 11 mortes a bordo. As autoridades estadunidenses justificam que essas embarcações representavam risco e operavam em conluio com redes de tráfico transnacional. 



Em resposta, líderes venezuelanos acusam os EUA de provocação e de infringir soberania nacional. Vladimir Padrino López, ministro da Defesa venezuelano, comentou que se levantou “uma voz ameaçadora e vulgar” contra o povo e o governo legítimo, e que por isso o país duplicaria sua prontidão militar frente a um possível conflito armado no mar.

Diosdado Cabello, alto dirigente do chavismo, acusou a DEA — agência antidrogas dos EUA — de organizar uma “falsa bandeira”, ou seja, uma operação supostamente fabricada para ligar a Venezuela ao narcotráfico. Cabello afirma que as forças venezuelanas apreenderam uma lancha com 3.680 kg de cocaína, pertencente a Levi Enrique López Batis, que é identificado por ele como agente da DEA. 



Reações de analistas e implicações estratégicas

O coronel Antonio Guevara, militar venezuelano e analista de segurança, disse ao Correio que embora os destróieres norte-americanos estejam presentes na região, não espera que haja ação militar direta em águas territoriais venezuelanas. Para ele, a manobra militar venezuelana serve principalmente para construir narrativa nacionalista, fortalecendo o regime frente a uma população que vê a Venezuela como alvo externo. 

Guevara também indicou que o governo Maduro já calcula que se os EUA não empreenderem operação direta, haverá percepção de vitória simbólica bolivariana, contribuindo para manutenção do apoio interno ao chavismo. 

Contexto geográfico, histórico e militar

La Orchila é uma ilha de importância estratégica para a Venezuela. Ela abriga base naval e aéreas que operam no Caribe, uma zona de fronteira marítima complexa, próximo a rotas de tráfico de drogas e pontos de patrulha dos EUA. O exercício militar ocorre num momento em que os EUA estenderam patrulhas marítimas na região, afirmando que combatem tráfico e protegem interesses de segurança nacional. 

Em décadas recentes, confrontos diplomáticos entre Caracas e Washington escalaram em questões de sanções econômicas, disputas diplomáticas e acusações mútuas de apoio a facções ilegais. A crise política venezuelana, com uma oposição fragmentada, inflação galopante e migração crescente, torna o regime de Maduro dependente de retórica de resistência para manter coesão. 

Possíveis cenários e risco de escalada

  • Escalada naval ou aérea: se os EUA ou aliados interpretarem a manobra como ameaça direta ou ataque, podem responder com patrulhamento ou presença militar mais intensa, o que elevaria risco de confronto direto.
  • Guerra eletrônica e espionagem: com uso declarado de guerra eletrônica e drones, há risco de operações de vigilância, interferência em comunicações e ataques direcionados.
  • Impacto econômico: sanções poderão se intensificar, afetar comércio de petróleo e transporte marítimo próximo à Venezuela, bem como agravar crise interna de combustíveis, moeda e importações.
  • Narrativa política interna: manobras como “Caribe Soberano 200” são usadas como instrumentos de legitimação do governo Maduro, vinculando-se à imagem anti-imperialista e de proteção da soberania.

Opinão internacional e normas de direito internacional

Organismos internacionais, incluindo ONU e organizações de direitos humanos, já expressaram preocupações sobre possíveis violações de soberania, direito marítimo internacional e acidentes envolvendo civis marítimos. Há demandas para que qualquer ação naval cumpra protocolos de identificação de embarcações antes de ataques ou abates, para evitar mortes de inocentes. 

O analista militar Guevara ressaltou que, embora haja uso de desinformação em ambas as partes, falta transparência dos EUA sobre quais embarcações foram abatidas e quais critérios foram usados, assim como localização precisa dos incidentes. 

A “Campanha Caribe Soberano 200” representa uma clara demonstração de poder militar venezuelano em águas do Caribe e um alerta explícito ao governo dos Estados Unidos de que Caracas não aceitará intromissões sem resposta. Embora muitos dos sinais apontem para uma guerra de narrativas — retórica, mobilização e show de forças — o risco real de escalada permanece vivo.

Com base na movimentação naval, uso de drones, guerra eletrônica e envolvimento de milícia naval, qualquer passo em falso pode transformar retórica em confronto direto. O mundo observa atentamente: as decisões tomadas nas próximas semanas por Washington, Caracas ou países aliados regionais poderão definir se o Caribe se mantém apenas como palco de pressão ou se se converte num novo foco de conflito geopolítico.

FONTE correiobraziliense

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