Trump diz que ofensivas terrestres dos EUA serão direcionadas a indivíduos e não a nações

 

Ataques contra alvos terrestres, como parte do que Washington chama de “campanha de combate ao narcotráfico”, começarão “em breve”, mas não ocorrerão necessariamente apenas na Venezuela, segundo Donald Trump. Eles também poderão ser realizados em outros países, indicou o presidente americano nesta sexta-feira, em um pronunciamento no Salão Oval.

O presidente republicano esclareceu que esses ataques, que ele vem anunciando há semanas, são dirigidos contra um grupo específico de pessoas — "pessoas horríveis", como ele as chamou — e não contra um país.

Questionado se havia algo que pudesse impedir os ataques, Trump respondeu: "Não quero dizer". Ele prosseguiu imediatamente: "Não se trata apenas de ataques à Venezuela. São ataques terrestres contra pessoas horríveis que estão trazendo drogas para o nosso país e matando nosso povo... Perdemos 300 mil pessoas. É uma guerra como nenhuma outra. Ninguém jamais viu nada parecido. Portanto, não precisa ser necessariamente na Venezuela. As pessoas que estão trazendo drogas para o nosso país são os alvos", declarou o presidente americano, enquanto as tensões no Caribe continuam a aumentar em meio à possibilidade de que a campanha de ataques contra supostos barcos de narcotráfico perto das águas territoriais venezuelanas possa se transformar em algum tipo de ofensiva terrestre no país caribenho.

As tensões atingiram o ápice após os Estados Unidos apreenderem um petroleiro carregado com petróleo bruto venezuelano na costa do país na quarta-feira, indicando sua intenção de confiscar outras embarcações semelhantes em um esforço para paralisar o setor energético da Venezuela, seu principal motor econômico e fonte primordial de apoio em tempos de crise. Washington já confirmou que reterá a carga de petróleo assim que os procedimentos legais necessários forem concluídos.

Embora os Estados Unidos afirmem que seu objetivo é desmantelar os cartéis de drogas, vários dos quais foram incluídos em sua lista de organizações terroristas internacionais, Caracas e inúmeros especialistas acreditam que o verdadeiro objetivo da Casa Branca é forçar a queda do presidente venezuelano Nicolás Maduro. O governo Trump considera o líder chavista o chefe do narcotráfico em seu país. Alega também que ele é um presidente ilegítimo por ter cometido fraude nas eleições presidenciais de julho de 2014. María Corina Machado, a principal líder da oposição, não pôde concorrer nessas eleições porque foi impedida de ocupar cargos públicos pelo regime chavista, então promoveu a candidatura do diplomata veterano Edmundo González Urrutia, atualmente exilado na Espanha. Machado vive escondida desde então e, nesta semana, recebeu ajuda dos Estados Unidos para deixar a Venezuela e viajar para Oslo, onde foi agraciada com o Prêmio Nobel da Paz.

Em seu pronunciamento desta sexta-feira, Trump se recusou a especificar a quais indivíduos se referia como potenciais alvos, nem em quais territórios os ataques poderiam ocorrer. Ele já havia mencionado o México e a Colômbia, e em outro momento de seus comentários no Salão Oval, fez alusão ao país governado pelo presidente Gustavo Petro: “A Colômbia tem pelo menos três fábricas de cocaína. É um país diferente. Não gostamos disso (que eles fabriquem drogas), mas vamos acabar com isso, e já acabamos com isso no mar. Vocês nem encontram mais navios no mar, nem mesmo barcos de pesca.”

O presidente dos EUA também se recusou a confirmar se os Estados Unidos planejam confiscar mais ativos petrolíferos venezuelanos. "Não seria muito inteligente dizer", declarou a jornalistas. "Supostamente, devemos manter isso em segredo", acrescentou. Na quinta-feira, o governo Trump impôs novas sanções contra parentes de Maduro — três de seus sobrinhos —, seis empresas de navegação e meia dúzia de embarcações dessas empresas, todos acusados ​​de transportar petróleo venezuelano.

alberto news

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