Por Lucas Machado-Abrasel
Ramo
que bares e restaurantes fazem parte foram responsáveis por 61% das novas
aberturas
O Brasil alcançou um marco expressivo em
2024 com a abertura de 2,8 milhões de pequenas empresas, segundo dados da
Receita Federal. Entre microempreendedores individuais (MEIs), microempresas e
empresas de pequeno porte, o setor de serviços se destacou, sendo responsável
por 61% das novas aberturas, totalizando 1,7 milhão de CNPJs. Esse setor
engloba segmentos como bares, restaurantes e outros negócios voltados à
experiência e consumo.
O economista Fabrício Leite aponta que o
contexto econômico do país influenciou diretamente esse desempenho. “A redução
nas taxas de desemprego e o aumento da renda permitiram às pessoas consumir
mais, inclusive em serviços como bares e restaurantes. Isso também deu
segurança para muitos empreendedores se formalizarem e investirem em novos
negócios”, afirma.
No entanto, os desafios ainda são marcantes
para quem decide empreender. Huedson Miguel, proprietário do Meats Cerveja e
Churrasco, no Rio Grande do Norte, destaca a dificuldade de encontrar mão de
obra qualificada.
“O maior calo hoje é a mão de obra, que
muitas vezes é desinteressada e desqualificada. Para quem está começando,
encontrar profissionais comprometidos é crucial. Além disso, custos como
aluguel são altos e demandam planejamento financeiro”, explica Huedson.
Os MEIs continuam sendo protagonistas no empreendedorismo brasileiro,
representando 78% das novas empresas em 2024. Esse número reflete tanto o
aumento da formalização quanto os esforços do governo em simplificar processos
e incentivar pequenos negócios.
“Muitas pessoas que trabalhavam de forma
autônoma agora veem vantagens em se legalizar, o que não só fortalece a
economia, mas também aumenta a arrecadação de impostos”, analisa Leite.
Apesar do crescimento, especialistas
sugerem cautela. O ritmo de abertura de novos negócios depende da manutenção da
estabilidade econômica e de políticas públicas que estimulem o consumo e a
produção.
“Se o ambiente político e econômico
continuar favorável, a tendência é que essa expansão siga nos próximos anos.
Contudo, a volatilidade política pode impactar negativamente esse cenário, como
já vimos em outros momentos da nossa história”, pondera o economista.
Para novos empreendedores, Huedson reforça
a importância de planejamento e foco na qualidade do produto. “É fundamental
apostar em automação, escolher pontos estratégicos e oferecer algo
diferenciado. O consumidor busca experiências, e um bom atendimento aliado a um
produto de qualidade pode garantir o sucesso, mesmo em um mercado competitivo.”
Com 2024 marcado por números positivos, o
empreendedorismo segue como uma força motriz da economia brasileira. Contudo,
os desafios estruturais, como qualificação profissional e altos custos
operacionais, reforçam a necessidade de estratégias sólidas para garantir que
os pequenos negócios prosperem e contribuam para o desenvolvimento do país.
*Texto produzido pela Agência de
Notícias da Abrasel.
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