As Forças Armadas dos Estados Unidos vão mobilizar mais de 4.000 fuzileiros navais e marinheiros para as águas que cercam a América Latina e o Caribe como parte de uma iniciativa intensificada para combater os cartéis de drogas, segundo informaram dois funcionários de Defesa norte-americanos à CNN. Trata-se de uma demonstração drástica de força que dará ao presidente uma ampla gama de opções militares caso decida agir contra os cartéis.
O deslocamento do Iwo Jima Amphibious Ready Group (ARG) e da 22ª Unidade Expedicionária de Fuzileiros Navais (MEU, na sigla em inglês) para o Comando Sul dos EUA, que não havia sido divulgado anteriormente, faz parte de um reposicionamento mais amplo dos recursos militares na área de responsabilidade do Comando Sul realizado nas últimas três semanas, segundo um dos funcionários.
Também estão sendo atribuídos ao Comando Sul dos EUA um submarino de ataque de propulsão nuclear, aeronaves de reconhecimento P8 Poseidon adicionais, vários destruidores e um cruzador lança-mísseis guiados como parte da missão, de acordo com os funcionários.
Uma terceira fonte familiarizada com o assunto disse que os recursos adicionais “têm como objetivo enfrentar ameaças à segurança nacional dos Estados Unidos provenientes de organizações narcoterroristas especialmente designadas na região”.
Na sexta-feira, a Marinha dos EUA anunciou o deslocamento do USS Iwo Jima, do 22º MEU e dos outros dois navios do Grupo Anfíbio de Resposta — o USS Fort Lauderdale e o USS San Antonio —, mas não revelou o destino.
Um dos funcionários destacou que, por enquanto, o reforço militar é principalmente uma demonstração de força, mais voltada a enviar uma mensagem do que a indicar qualquer intenção de realizar ataques precisos contra os cartéis. No entanto, também oferece aos comandantes militares — e ao presidente — uma ampla gama de opções caso Trump ordene uma ação militar. O ARG/MEU, por exemplo, também conta com um elemento de combate aéreo.
O deslocamento da Unidade Expedicionária da Marinha, contudo, gerou preocupações entre alguns funcionários de defesa, que temem que os fuzileiros navais não estejam capacitados para realizar operações de interceptação de drogas e combate ao narcotráfico. Caso essa seja parte de sua missão, eles terão de depender fortemente da Guarda Costeira, segundo afirmaram os funcionários.
Essas unidades expedicionárias já desempenharam no passado um papel fundamental no apoio a operações de evacuação em larga escala; por exemplo, uma delas ficou estacionada durante meses no Mediterrâneo Oriental, em meio às tensões entre Israel, Hamas e Irã.
Um funcionário da Marinha disse à CNN que a unidade expedicionária “está pronta para executar ordens legais e apoiar os comandantes de combate nas necessidades que lhes forem solicitadas”.
As forças norte-americanas deslocaram destruidores para as áreas próximas à fronteira entre Estados Unidos e México, em março, para apoiar a missão de segurança de fronteira do Comando Norte dos EUA e reforçar a presença do país no hemisfério ocidental. No entanto, os recursos adicionais que estão sendo transferidos agora ficarão sob responsabilidade do Comando Sul dos EUA e têm como objetivo apoiá-lo por pelo menos os próximos meses, segundo um dos funcionários.
A CNN informou anteriormente que um memorando assinado pelo secretário de Defesa, Pete Hegseth, no início deste ano, afirmava que a “prioridade principal” das Forças Armadas dos EUA é defender o território nacional, e ordenava ao Pentágono “fechar nossas fronteiras, repelir qualquer forma de invasão, incluindo a migração ilegal em massa, o tráfico de drogas, o tráfico e a exploração de pessoas e outras atividades criminosas, e deportar estrangeiros ilegais em coordenação com o Departamento de Segurança Interna”.
O mesmo memorando também solicitava formalmente aos funcionários do Pentágono “opções militares críveis” para garantir o acesso irrestrito dos Estados Unidos ao Canal do Panamá, informou a CNN na ocasião.
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