Após a suspensão de repasses financeiros pelo governo dos Estados Unidos, as operações de importantes organizações humanitárias, como a Cáritas Brasileira e Visão Mundial, foram drasticamente interrompidas em Roraima. A decisão, anunciada na última sexta-feira (24) pelo Departamento de Estado americano, tem como base o decreto do presidente Donald Trump, que determinou a suspensão imediata dos fundos destinados a ajuda humanitária internacional.
Os fundos, oriundos do Bureau de População, Refugiados e Migração (PRM) e da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), estão suspensos por 90 dias para revisão de programas. A justificativa do governo norte-americano é alinhar os projetos aos objetivos de política externa do atual governo.
Fechamento de instalações da Cáritas Brasileira
Em resposta à suspensão, a Cáritas Brasileira anunciou o fechamento de suas instalações sanitárias em Boa Vista e Pacaraima, na fronteira com a Venezuela. Esses espaços ofereciam, desde 2019, serviços gratuitos de higiene pessoal, incluindo banheiros, duchas, fraldários e lavanderia, além de bebedouros com água potável.
Esses serviços eram essenciais para migrantes e refugiados em situação de rua, que acessavam as unidades várias vezes ao dia. Com a paralisação, milhares de pessoas ficaram desassistidas.
Impacto na Visão Mundial
A Visão Mundial, responsável pelo projeto “Ven, Tú Puedes!”, também foi severamente afetada. A organização, que atende mais de 33 mil refugiados e migrantes, comunicou a suspensão de todas as suas atividades em território brasileiro. Em nota, a entidade destacou seus esforços para solucionar o problema e retomar os serviços o mais rápido possível.
"Estamos trabalhando arduamente para resolver os desafios atuais e reativar nossas atividades, sempre com o compromisso de servir aos mais vulneráveis", afirmou a coordenação do projeto.
Desafios futuros e solidariedade
O corte de fundos por 90 dias, ocorre em um momento crítico para a população migrante venezuelana, que enfrenta desafios crescentes devido à crise econômica e humanitária. Roraima, principal porta de entrada no Brasil, tem registrado um fluxo constante de migrantes e refugiados.
A Cáritas e a Visão Mundial destacam a importância do apoio da sociedade. Ambas organizações reafirmaram seu compromisso com a dignidade e os direitos dos migrantes e refugiados, mas alertaram para a necessidade urgente de alternativas que garantam a sustentabilidade dos serviços.
Enquanto isso, as pessoas que dependiam diretamente desses programas enfrentam a incerteza de quando poderão contar novamente com o apoio essencial. A suspensão lança luz sobre a dependência de fundos externos e a necessidade de políticas públicas que assegurem suporte contínuo às populações mais vulneráveis.
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Por Libia López
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